Ensino Multilingue Na União Europeia
O Parlamento Europeu aprovou hoje, por maioria, o relatório sobre educação apresentado pelo eurodeputado do Bloco de Esquerda, Miguel Portas, que defende um sistema de ensino multilingue.
"O relatório foi integralmente aprovado hoje por larga maioria, com o apoio de todos os grupos parlamentares, excepto da extrema-direita", disse Miguel Portas à Lusa.
O documento defende um sistema de ensino multilingue em escolas da União Europeia (UE) para melhorar a integração dos filhos dos imigrantes e insiste em que os Estados membros devem "promover, nos estabelecimentos de ensino, medidas que assegurem a diversidade linguística, não limitando às línguas europeias mais faladas a escolha das alternativas à língua oficial".
De acordo com Miguel Portas, a principal proposta consagrada no documento é a de a União Europeia apoiar financeiramente escolas que pretendam desenvolver projectos educativos multilingues.
"É uma ideia para concretizar no futuro", disse o eurodeputado bloquista, acrescentando que "as escolas interessadas poderão apresentar projectos de aprendizagem integrada de línguas comunitárias".
Em vez de serem apresentados aos respectivos Governos, os projectos poderão ser entregues à UE, que pode decidir apoiá-los, explicou.
Miguel Portas destacou ainda dois pontos do documento, que considera "muito importantes e realizáveis a curto prazo".
"Esta é a primeira vez que um documento da União Europeia considera que os filhos dos imigrantes, mesmo que ilegais, tenham direito a frequentar o ensino público nas escolas da União Europeia", disse.
Portas sublinhou ainda que o relatório consagra o direito aos filhos dos imigrantes aprenderem não só a língua do país de acolhimento mas também a língua materna.
"Mesmo quando os filhos de imigrantes dominam a língua do país de acolhimento, as escolas básicas e secundárias devem ter condições para que a cultura e línguas maternas possam constituir uma real opção, em particular nas cidades e regiões onde os imigrantes representem, pelo menos, cinco por cento da população em idade escolar", especifica o relatório.
Referindo-se especificamente a Portugal, Miguel Portas afirmou que "é preciso, em algumas escolas, ter uma política dirigida à língua materna que não é o português".
Para o eurodeputado, "não se trata de encarar a segunda língua como uma língua estrangeira, mas sim como uma língua parceira".
O relatório do eurodeputado bloquista hoje aprovado surgiu após uma série de audições sobre o ensino para os filhos dos estrangeiros em diversas capitais europeias, entre as quais Lisboa.
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In Público OnLine
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