Ecos De Bragança - IV Colóquio Da Lusofonia (2)
Timor-Leste: D. Ximenes Belo pede maior investimento na língua portuguesa
O bispo resignatário de Dili, D. Ximenes Belo, pediu hoje em Bragança um maior investimento dos governos de Portugal e Timor-Leste no ensino da língua portuguesa aos timorenses.
Para o Prémio Nobel da Paz, o futuro do português, que os timorenses adoptaram como língua oficial, depende dos dois governos, português e timorense, porque "há, naturalmente, vontade de aprender, de conservar, mas por outro lado precisa-se de ajuda e de políticas para a manutenção da língua em Timor-Leste".
"Tem havido apoio, mas é preciso investir mais e sobretudo investir nos timorenses, que haja mais professores de português, que haja mais bibliotecas, que haja, enfim, uma coisa intensa" disse, à margem da sessão de encerramento do IV Colóquio da Lusofonia, em Bragança, onde durante dois dias se debateu sobre a língua portuguesa em Timor-Leste.
Para o antigo bispo de Dili "não chega" haver professores portugueses em Timor-Leste:"é preciso formar timorenses, é preciso criar bibliotecas, infra-estruturas e, sobretudo, manter alguma rádio, televisão e diários para que se faça entrar a língua espontaneamente na mente das pessoas".
D. Ximenes Belo recordou depois ao auditório que os timorenses continuaram a baptizar os filhos com nomes portugueses e a rezar e cantar em português, mesmo durante a proibição, entre 1975 e 1999, mas disse que a ocupação indonésia deixou marcas.
"Vocês querem que os timorenses falem a vossa língua, mas os timorenses apanharam bofetadas, foram torturados por falarem a vossa língua", disse.
A disputa também de outras línguas, nomeadamente o inglês, compreende-se, na opinião de D.Ximenes Belo, que recordou que Timor está numa zona com vizinhos como a Austrália, Filipinas, Singapura, Tailândia, Hong Kong, onde as pessoas falam esta língua.
"Mas Timor foi sempre parcela especial com ligação a Portugal e mantendo o português constituiu uma dimensão própria daquela pequena nação", considerou.
Mesmo com o passado histórico de séculos de colonização portuguesa, D. Ximenes considera que o português não é tão fácil assim para os timorenses.
"Os timorenses acham mais fácil o indonésio porque não tem conjugações, não é tão complicado como o português, mas é preciso apostar" afirmou.
D. Ximenes Belo escusou-se a comentar questões políticas ou sociais do país, afirmando estar há três anos fora, em Moçambique, e ter "poucas notícias" (de Timor).
Disse, no entanto, que a sua preocupação é que haja paz, tranquilidade e reconciliação em Timor e que os jovens tenham trabalho.
Escrito por : HFI - Notícia SIR-7376407
In Agência Lusa - 05-10-2005 / 0:32:00
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