Reforma Ortográfica
Desde 1986, a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa desenvolvem o projeto do acordo ortográfico para os sete países de língua portuguesa. O objetivo da reforma é o de unificar a escrita de todo o mundo lusófono que fala português, avaliado hoje em mais de 210 milhões de pessoas. Para redigir o Projeto de Ortografia Unificada é formada uma comissão integrada por cada um dos países de língua portuguesa.
O acordo – Assinado em 16/12/1990 pelos ministros da Educação e da Cultura dos sete países de língua portuguesa, em 4/6/1991 foi ratificado pelo Parlamento português. No Brasil, a aprovação da Câmara foi em 14/6/1994 e as regras propostas esperam pela votação no Senado. Com as mudanças previstas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal é alterado. No Brasil, o impacto é bem menor: 0,45% das palavras têm a grafia modificada.
Objetivos – O português é hoje a única das línguas faladas por mais de 100 milhões de pessoas com mais de uma ortografia, com exceção do hindi (em caracteres sanscríticos) e do urdu (em caracteres arábicos). Mesmo o espanhol apresenta dezenas de variações de pronúncia na Espanha e América hispânica, mas apenas uma ortografia. A unificação da língua portuguesa permite sua universalização e facilita a adoção em organismos internacionais.
Críticas – A padronização da escrita da língua portuguesa em todos os países deve acarretar um custo considerável devido à necessidade de reformulação de todo material editado em língua portuguesa até hoje, dos livros impressos às versões informatizadas. Contra a reforma ortográfica há também argumentos lingüísticos: a dificuldade de compreensão de um texto de Portugal não se resume às diferenças ortográficas, mas sim às semânticas, isto é, de significados, que não seriam modificados pelo acordo ortográfico. O português é falado em três continentes, em situações geográficas, sociais e substratos lingüísticos diversos, o que torna difícil sua unificação.
Regras da reforma
Letras mudas – Desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p" nas palavras onde não é pronunciado. Exemplos: acção, acto, actor, actual, electricidade, inspector, exacto, colectivo, direcção, abjecção, adopção, baptismo, óptimo, Egipto. Permanecem em palavras como secção, compacto, convicto, egípcio, apocalipse, rapto, óptica.
Dupla grafia – É consagrada a dupla grafia para palavras escritas e pronunciadas de maneira diferente em Portugal e no Brasil. Exemplo: aspeto, e aspecto, caracter e caráter, facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, amnistia e anistia, indemnizar e indenizar, dição e dicção, corruto e corrupto.
Dupla acentuação – É aceita a dupla acentuação para as palavras que têm acento circunflexo no Brasil e agudo em Portugal. Exemplo: bebê e bebé, bidê e bidé, crochê e croché, matinê e matiné, fêmur e fémur, ônus e ónus, tênis e ténis, Antônio e António, acadêmico e académico, anatômico e anatómico, cômodo e cómodo, efêmero e efémero.
Acento agudo – Caem os acentos agudos nas paroxítonas que têm "ei" na sílaba tônica: assembléia, idéia, boléia, passam a assembleia, ideia, boleia.
Acento diferencial – Caem os acentos diferenciais para as palavras homófonas. Exemplo: "pára" do verbo parar e "para" preposição; "pêlo" substantivo e "pelo" contração; "pólo" substantivo e "polo" forma arcaica ou regional da contração.
Acento circunflexo – Caem os circunflexos das paroxítonas terminadas em "o" duplo: abençôo, enjôo, vôo passam para abençoo, enjoo, voo.
Hífen – Permanece o hífen antes das palavras que começam com "h", como anti-higiênico, pré-histórico, anti-heróico e antes das palavras que comecem com a última letra do prefixo, como em contra-almirante, hiper-resistente, pré-escolar, anti-imperialismo. Cai, em Portugal, o hífen em palavras formadas com os prefixos "de" e "in", mesmo nas que começam por "h": desumano, desidratado, inábil, inumano.
Trema – Desaparece totalmente o trema: lingüiça, seqüência, freqüência, qüinqüênio, passam a linguiça, sequência, frequência, quinquênio.
Alfabeto – As letras "k", "w" e "y" passam a ser oficialmente incorporadas ao alfabeto da língua portuguesa. Os dicionários já registram essas letras; os países africanos possuem muitas palavras escritas com elas.
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Leia mais sobre a Língua Portuguesa em: Conhecimentos Gerais
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